terça-feira, 23 de setembro de 2008
Mies van der Rohe
De acordo com o Iñaki Ábalos, na década de 1920, o arquiteto vivenciou momentos complicados: sua renúncia à família e o auge do Nacional-Socialismo provocaram nele o questionamento de sua vida pessoal e profissional justo quando iniciava seu contato com um novo grupo de intelectuais – em especial, Alois Riehl, um dos principais filósofos berlinenses do século XX, autor do primeiro livro sobre Friedrich Nietzsche –, bem como os historiadores Werner Jaeger e Heinrich Wölffim.
Ao ter contato com as obras de Nietzsche a partir de Riehl, o arquiteto se distanciava do positivismo moderno e seus preceitos: “Somente através do conhecimento filosófico revelam-se a ordem de nossas tarefas e o valor e a dignidade de nossa existência” (Mies van der Rohe, 1927).
Mies também buscou influências de um dos precursores do movimento modernista, o arquiteto holandês Hendrik Berlage. Segundo este, a lei universal não era mais a verdade histórica, mas a procura da essência, da verdade da construção.
Ao contrário de outros companheiros modernos como Hugo Häring e Ludwig Hilberseimer, que trabalhavam na idéia de casas pátio de mínimo custo econômico desenhadas para proporcionar o máximo conforto para famílias-tipo, o arquiteto parte para projetos individualizados, completamente contrários à idéia de estandardização.
A repetição de unidades idênticas a partir do Existenzminimum não despertava qualquer interesse em Mies. Foram poucos os projetos de casas geminadas criados por ele. Na verdade, o que ele buscava era aprimorar a idéia de individualizar um sistema e operar com poucas variáveis interligadas, de forma a obter resultados completos e diversos, tanto construtivos, quanto estruturais ou espaciais. Podemos perceber a forte influência de Hans Sedlmayr sobre o arquiteto, principalmente se olharmos para o desenho da casa, cuja sinuosidade dos espaços internos é reflexo do movimento curvilíneo realizado por um automóvel.
É importante ressaltar que em todas as casas-pátio está presente a intenção de promover a individualidade, diferentemente da idéia do “objeto-tipo” produzido em série e que nessa época foi muito trabalhado em todas as áreas, da construção civil à indústria automobilística com o famoso modelo automotivo Ford T, produzido em grande quantidade e a um baixo custo, considerado o grande paradigma da industrialização, conforme aponta Nilton Vargas em seu ensaio sobre Inovação e Gestão de Mudanças na Indústria da Construção.
De acordo com o fundador da Ford Motor Company e autor do modelo T, Henry Ford (1914):
Você pode escolher qualquer carro, de qualquer modelo e de qualquer cor. Desde que seja Ford, modelo T e preto.
Se analisarmos as dimensões dessas casas percebemos a distinção daquela idéia do Existenzminimum que estava em alta no século XX. Os projetos todos aproximam-se de 200 e 300 metros quadrados e, somando-se aos pátios, as áreas aproximam-se dos 1000 metros.
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